Scarface
Quando eu vi que o roteiro desse filme havia sido escrito por Oliver Stone, eu imaginei que seria um filme completamente diferente... Porque pra mim, ele é um diretor meio irreverente, polêmico... Acho que até chegam a considerá-lo um teórico da conspiração. Diversos filmes que ele fez, realmente cutucam os grandes norte-americanos... Então, acho que eu fui com as expectativas muito altas pra ver este filme...
Por isso, considerei ele um pouco senso comum, tipo : "ó! malditos cubanos e colombianos que entram em nosso país e viciam nosso povo, pra ficarem multimilionários às custas desses pobres coitados!" E eu senti isso desde o começo do filme, em que fala-se que Fidel Castro liberou alguns cubanos para irem aos Estados Unidos reverem sua família e foi mandado diversos barcos para buscá-los, mas Fidel, dando uma facada nas costas do governo norte-americano, mandou junto todos os prisioneiros de quem queria se livrar... Ou seja, entraram sei lá quantas mil pessoas com antecedentes criminais no território "puro" de Miami. E a personagem do Al Pacino faz parte dessa escória que migrou pros Estados Unidos.
Mas, aí, devo dizer... Apesar de ter ficado um pouco decepcionada com alguns aspectos do filme, não dá para falar, jamais, em tempo algum, que um filme que tenha o Al Pacino é ruim. Não sei o que esse cara faz. Ele é um dos maiores atores de Hollywood, em minha opinião.
Desde o início do filme, em que ele é apenas um cubano recém chegado nos EUA, com o sotaque espanhol, os trejeitos, a cara de pilantra e seu ar arrogante... Ele atua com uma naturalidade que convence a todos que é o que está representando. Cheguei até a considerar já se ele num é um mafioso arrogante de verdade... Dado que sua família é originalmente de Corleone, da Sicília... Rs.
Bom, mas de um modo geral, o filme é extremamente violento... Mas, tratando-se de tráfico de drogas e a máfia envolvida por trás disso, imagino que não poderia ser diferente. É muito violento, mas, não achei exagerado em momento algum. Talvez, apenas em uma cena em que Tony Montana mata sozinho uns 30 caras de uma vez... Mas, ainda assim, não é tão exagerado quanto um Kill Bill do Tarantino, por exemplo... E, devo acrescentar que a cena da serra elétrica impressiona um pouco, apesar de não mostrar nada claramente... Mas também, não é nada que um Tropa de Elite não mostraria...
Uma coisa que achei interessante foi prestar atenção na ascensão de Tony em relação à dinheiro e poder, ao mesmo tempo em que ele vai destruindo todas as pessoas ao seu redor, inclusive pessoas próximas a ele e que ele gosta. A cena em que ele está na banheira, rodeado de luxo, mas falando sozinho foi muito simbólica... E de afastar a todos até acabar com a vida de todos, foi apenas um passo. Inicialmente, tudo que ele quer é casar com a personagem da Michelle Pfeifer, pois ela é casada só com o chefe dele! E fala com ela sobre ter filhos e tudo mais... Mas, depois de casados, parece que perde o encanto, e não mostra mais nenhum sinal de carinho entre eles... Parece que ele apenas luta pelas coisas que não tem, e quando as conquista, perdem a graça... Em um momento do filme, em que ele está jantando com sua mulher e seu melhor amigo, ele chega a falar isso claramente.
Outro ponto que achei interessante, foi sua mudança de visão, pois no início do filme, tudo que ele mais gosta de fazer, e fala claramente, é matar comunistas, pois não suporta esse tipo de governo... E mais pra frente, quando os bancos começam a cobrar juros muito altos por seu dinheiro, ele só reclama do capitalismo... Na realidade, chega um ponto do filme em que nada mais lhe dá satisfação e ele apenas reclama de tudo e cheira cocaína.
Apesar de que eu estava esperando um pouco mais do filme, achei bom sim. Além de tudo, tem todo um clima dos anos 80 (o filme é de 1983) e a cena no bar em que Al Pacino tenta dançar, todo desengonçado é imperdível!
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